Procuro palavra para definir o que sinto e não encontro.
Talvez elas nem sequer existam, talvez seja apenas um fluxo mais forte de
vida abrindo os sentidos, embrutecendo o raciocínio. (Caio Fernando Abreu)

Eu sei, eu sei, o Caio (Fernando Abreu) tinha a vocação para a tristeza, todos sabiam, e como todos que sentem a mesma coisa, a pergunta que fica é: De onde vem isso, que chega de súbito, mesmo após um dia feliz, onde tudo deu certo, e mesmo em curtos períodos onde desfrutamos a tal da felicidade? Soltamos um longo suspiro, como se algo invadisse nossa alma e tingisse tudo de negro, e onde dúvidas sobre tudo em nossa vida apertasse nosso coração. Não tipo a música do Raul (Seixas) " eu devia estar contente porque tenho um emprego, sou o dito cidadão respeitável e ganho 4 mil cruzeiros por mês..." (Ouro de Tolo), mas algo mais profundo, que bate lá no fundo da alma e dói, dói muito. É algo inquietante, que tira o sono, faz o coração bater mais forte e fica lá, latejante, como um recado não muito claro e que deixa tudo mais confuso em nossa cabeça. Dizem que parar de vez em quando, e questionar-se sobre - o que, como, onde, com quem e pra que - é salutar, mas não é esta a questão. A tristeza, lá no fundo, nos faz sentir que simplesmente nada, absolutamente nada que que fizemos faz sentido. E pior, que nada pode mudar isso. É simplesmente angustiante. Será que sempre sentiremos essa profunda falta de alguma coisa, que claro, não sabemos e nem temos idéia do que seja? E será que isso realmente é importante?